sábado, 2 de julho de 2011

No man is an island

Investigação realizada com as moscas da fruta parece indicar que uma mosca que perdeu diversas disputas tem tendência a perder as disputas seguintes, ainda que com oponentes mais fracos. 

A Google acabou de lançar o Google+, uma tecnologia de suporte a redes sociais, para competir com o Facebook.

Segundo algumas opiniões o que está em disputa é a identidade.

Durante algum tempo olhou-se para a identidade digital na perspectiva da identificação. Como identificar de forma única os utilizadores da web? Como simplificar o processo de autenticação, fazendo que apenas seja necessária uma senha de entrada, para aceder a um vasto conjunto de serviços electrónicos? Um exemplo é o Windows Life ID.

A identificação digital única tem algumas vantagens. Mormente ao utilizador final, que não tem que gerir diversas identificações e senhas de entrada, mas também às empresas que concorrem para gerir as identificações, através de um complexo processo de fidelização de clientes e, consequentemente, de fornecedores de serviços, como a VISA ou a MasterCard.

Mas o modelo de negócio da Google foi alargar a identidade para além da identificação. O modelo de informação que a Google possui para cada utilizador da web é uma identidade gerada com as acções que cada um efectua quando usa o seu software. Esta identidade permite uma maior eficácia e precisão na identificação de quais os produtos que nos interessam. É essa eficácia que a Google vende às empresas que a contratam para difundir publicidade.

Também para o Facebook a identidade é feita da informação que possui acerca de cada um de nós, mas, contrariamente à Google, essa informação é explicitamente agregada pelos utilizadores. Quando se decide que fotografias se coloca no mural e que amigos se aceita estamos a definir explicitamente a nossa identidade.

Daqui resultaram dois modelos muito diferentes. No primeiro caso deixamos que a Google nos indique que informação nos interessa, no segundo caso "perguntamos" aos nossos amigos.

De forma um pouco inesperada, como referi em A Face de todas as Faces, actualmente as páginas web são mais acedidas a partir de páginas do Facebook do que de pesquisas no motor do Google. E isso, naturalmente, preocupa a Google. Daí a necessidade de passar de um modelo de identidade gerada para um modelo, ala Facebook, em que o utilizador constrói a sua identidade. Ou seja, a estratégia de oferecer um conjunto aparentemente "desgarrado" de aplicações, aparentemente, pois a informação sobre o seu uso é constantemente agregada em segundo plano para gerar a identidade, não funciona dado que não permite ao utilizador agregar a sua informação.

O Google+ integra numa interface única a possibilidade de agregarmos a nossa informação, construirmos a nossa identidade. Está anunciado como um processo em que incrementalmente novas aplicações Google serão integradas nesta interface única. A Google dá a informação que possui acerca de nós para dizermos quem somos.

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