sábado, 14 de maio de 2011

A Face de todas as Faces

Em Agosto do ano passado, durante as férias, fui com alguma frequência a cibercafés. Ao percorrer as filas de computadores, a interface Facebook imperava na maioria, se não na totalidade, dos ecrãs. Se fosse um extraterrestre acabado de chegar ao planeta associaria o ecrã de um computador à interface do Facebook.

Recentemente, ao procurar obter informação sobre um evento que iria ocorrer em Lisboa, a forma mais fácil de a encontrar foi procurando no Facebook. Actualmente as páginas web são mais acedidas a partir de páginas do Facebook do que a partir de pesquisas no Google. 

Todos estão no Facebook, ou vão lá estar em breve. Várias organizações a que pertenço já têm página no Facebook, desde as organizações onde trabalho até aos bancos de que sou cliente. Não que o Facebook lhes permita disponibilizar melhor a informação, com maior usabilidade ou com mais detalhe, do que nos seus sites institucionais, mas é lá que as pessoas estão. E a estratégia do Facebook é que de facto todos lá estejam. O Facebook apresenta a informação do Wikipedia dentro da sua interface. A interface de programação disponibilizada pelo Facebook tem como objectivo embutir aplicações no Facebook. Por exemplo, a empresa que desenvolve o jogo Civilization já anunciou que irá brevemente ter uma versão para o Facebook. 

Há alguns anos atrás as aplicações migraram para uma interface web, ainda que perdendo alguma usabilidade, hoje estão a migrar para a interface Facebook. 

Do ponto de vista do software, a complexidade funcional do Facebook é diminuta. O seu impacto resulta de as pessoas lá fazerem login.

O Facebook é o passo mais recente da história dos sistemas de informação, cada um deles com uma empresa bandeira: o hardware (IBM), o software (Microsoft), os conteúdos (Google), e as comunidades (Facebook). O produto tem-se tornado mais intangível, e o ritmo, e duração, da mudança mais rápido. Na passagem do software para os conteúdos deu-se uma alteração drástica do modelo de negócio. Deixou de se haver uma troca comercial explícita (o software da Google é grátis). O produto são os conteúdos criados e acedidos pelas pessoas enquanto usam o software Google.

O Facebook tem 6 anos e o seu negócio é provavelmente mais volátil que todos os anteriores. É uma comunidade e está dependente dessa comunidade. 

O que surgirá a seguir? Um produto ainda mais intangível e com um crescimento ainda mais meteórico?

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