Depois da inovação vem a produtividade. Temos que ser mais produtivos. Mas, conseguiremos ser tão produtivos a produzir cortiça como os Alemães a produzir automóveis?
A produtividade é definida como a relação entre a produção e os factores de produção utilizados. Ou seja, quanto mais produzirmos, usando menos recursos, mais produtivos seremos. Mas terá que ser necessariamente assim?
No seu livro Predictably Irrational, Dan Ariely descreve o caso das pérolas negras que se tornaram num bem de luxo após terem sido expostas numa montra da 5ª Avenida de Nova Iorque, com um preço exorbitante. A produtividade aumentou consideravelmente.
Durante muitos anos procurou-se que o processo de desenvolvimento de software fosse como um processo industrial de produção de bens. Este processo caracteriza-se por tentar que o factor humano se torne similar aos restantes factores, como seja a matéria prima. Por exemplo, se aumentarmos a quantidade de matéria prima e reduzirmos o seu custo, podemos aumentar a produção e a produtividade. O mesmo raciocínio aplica-se ao trabalho humano. Quando este processo é bem sucedido é até possível substituir trabalho humano por trabalho automatizado, por exemplo usando robots.
Contudo, logo nos anos 70, começou a haver indicações que para o desenvolvimento de software poderia não ser possível aplicar as mesmas regras. Fred Brooks observou que adicionar mais pessoas a um projecto de software que está atrasado relativamente ao planeado ainda o atrasa mais, o que é conhecido como a Lei de Brooks.
Não obstante esta constatação, continuou-se durante mais cerca de 20 anos a tentar industrializar o processo de desenvolvimento de software. Após os sucessivos insucessos, surgem, no final do anos 90, propostas de ágeis para o desenvolvimento de software que negam muitas das práticas industriais clássicas. Estas propostas, em vez de lutarem contra a intangibilidade do software, e consequente dificuldade em o medir, procuram tirar partido dessas características. Assim, propõem um desenvolvimento pronto para se adaptar à mudança e dela tirar partido.
Os métodos ágeis percebem que a produtividade no desenvolvimento de software não está na quantidade do produto mas na sua qualidade e, muito em particular, no seu impacto. Em onde Onde pára a inovação falo sobre o caso do Facebook.
Ou seja, na produção de certos tipos de produtos a produtividade começa na inovação.
Por outro lado, a palavra produtividade tem um peso histórico. Especialmente quando se torna programática, na forma de batalha da produção. Na batalha da produção do aço na China, durante o grande salto em frente, o resultado foi a produção de grandes quantidades de aço, de baixa qualidade, e que não servia para nada. Nestas batalhas, na memória, ficam apenas os culpados das derrotas anunciadas e os heróis das vitórias que foi necessário inventar.
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